Estava estudando sobre “circuit bending” e distorções analógicas de sinal quando cheguei ao site da Egle. Foi como encontrar um doppelganger. Tudo que eu queria fazer já estava ali. Egle distorcia sinais, adicionava ruído, criava camadas de erro da forma mais incrível que eu já tinha visto e ainda imprimia os resultados cruzando as luzes projetadas em cones de televisores de tubo com a textura dos papéis em suas gravuras. Remidiação na melhor das definições. “Você gostaria de trabalhar em um projeto sobre ruídos e erro comigo e outros artistas?”, perguntei numa mensagem que não sabia se teria resposta. “She said yes” e começamos a conversar sobre como estava maravilhado pela recente descoberta de que 1% da estática presente em televisores analógicos vinha dos resquícios da luz emanada pelo Big Bang 14 bilhões de anos atrás. Era o ruído ancestral, eu dizia. Egle topou o desafio de colocar suas máquinas ruidosas e sua aptidão em distorcer sinais a serviço de nossa ancestralidade errorista. Além da edição deste zine é dela toda feitiçaria visual analógica presente nessa versão do Ruído Ancestral.